Nas escolas aprendemos
um monte de regras e conceitos que não fazem parte do português corrente,
aquele coloquial, mais usado cotidianamente. Esse monte de normas que temos que
decorar acaba por perder-se das nossas cabeças, já que não as usamos com tanta
frequência e geralmente sentimos que não são de tanta utilidade como anunciados
pelas “autoridades”.
Por isso o português é rotulado como língua
difícil, pois, no meio acadêmico não se foca o uso verdadeiro da língua, mas
sim o das normas. Todas as línguas são fáceis. Um indivíduo que
cresce ouvindo a sua língua, mesmo que não conhecendo as regras, e ainda
criança, é capaz de transmitir suas mensagens e ser compreendido, pois, nós
somos seres intuitivos. Na maior parte das vezes só precisamos aprender as sutilezas
dessa língua.
O português é difícil do ponto de vista
gramatical, visto que o ensino tradicional ainda insiste em dar ênfase às
regras trazidas do “outro português”. Enquanto impuserem aos alunos essas
regras de cem anos atrás usadas no português de outro país, o português será
mesmo difícil de ser aprendido.
Existem diversas situações em que as pessoas
contrariam as regras gramaticais, e o pior, as próprias regras gramaticais se
contradizem, e no meio de tanta confusão, não se mantém nem o português das
regras e nem o português necessário para expressar-se bem.
E aí que as pessoas se sentem frustradas por
permanecer tantos anos no banco das escolas e saírem de lá se sentindo
impotentes quando chega a hora de pôr no papel as idéias para compor uma redação
ou dissertação. Não existe o prazer da escrita, pois, alunos aprendem a decorar
regras e nomenclaturas, mas não são orientados no sentido dos inúmeros recursos
estilísticos que a língua oferece para ele abusar da sua criatividade.
A afirmação de que o
“português é muito difícil” serve também a um propósito um tanto perverso por
parte de muitos professores. Eles escondem o ouro para mostrar-se mais sábios e
mais poderosos, são os detentores dos segredos que envolvem a “difícil arte de
dominar uma ciência tão complexa como a língua portuguesa”. Em contrapartida,
fazem o que as classes privilegiadas sabem fazer melhor: manter o seu status
quo.
Gnerre diz que a “dificuldade”
da língua é o “arame farpado mais poderoso para bloquear o acesso ao poder”. Luiz
Sacconi em seu livro Não erre mais! usa o termo “asnos” para se referir a
enorme massa dos que “não sabem” português “oficial”.
É hora de defender-se destes mestres e gurus,
que têm as suas fotos estampados nas capas de CD-rooms e DVD´s milagrosos, oferecendo
ajuda para evitar as “armadilhas” da língua. São eles que inventam “doenças”
para nos convencer de que têm o “remédio” para a cura, bastando para isso
apenas telefonar para as suas “centrais gramaticais”, e chegará a embalagem
perfeita na sua casa para te colocar nos trilhos.
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